Tomorrowland Brasil 2016
Quando eu me dei conta do
tema da festa, eu tive certeza: É lá que eu vou me libertar! E foi mesmo...
Tínhamos a chave para
libertar a felicidade e olha, foi uma felicidade fora do comum. Tudo naquele
lugar era fora do comum. A vontade era que não acabasse mais. Três dias (quatro
para mim, porque acampei) em que o resto do mundo fica totalmente fora do ar
(...) E eu amei isso.
Foi simplesmente surreal ♥ |
Quando acabou eu fiquei
pensando, foi preciso um evento para que eu pudesse me libertar e libertar a
minha felicidade!? Soa um tanto ridículo, coisas de quem parece que não sabe
viver a vida. É verdade, eu não estava sabendo viver a minha. E a sensação de
liberdade que hoje eu venho carregando, é ímpar, única! Como consegui me
aprisionar tanto!?
São questões que agora
não fazem a menor diferença.
Eu estava passeando pelo facebook esses dias e adoro essas páginas
que compartilham textos interessantes, mensagens positivas (já que existe tanta
gente bisbilhotando a vida alheia e compartilhando desgraça alheia também, eu
prefiro sair por aí curtindo e lendo
tudo quanto é texto legal que vejo), e me deparei com um texto, cujo título é
bem sugestivo: “A tristeza permitida” de Martha Medeiros.
Não que eu esteja triste
hoje, mas quando falei aqui em cima que tinha me libertado me refiro, também, a sentir o que eu quiser,
seja alegria ou tristeza. O que não pode é ficar sufocando, abafando
sentimentos dentro da gente. O texto é ótimo e segue abaixo para que vocês
entendam um pouquinho.
A TRISTEZA
PERMITIDA
Se eu disser pra você que
hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol
estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo
sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça
de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo,
como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e
reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que
hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir
culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive
vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer “te anima”
e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas
muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza),
vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar
a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso
porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem
a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do
humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma.
Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo,
telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não
acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas
quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um
sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade,
que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é
estar deprimido.
Depressão é coisa muito
séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar
desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado
de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão
aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.
“Eu não sei o que meu
corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/
qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down…” Lembra da música? Cazuza
ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal.
Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo
bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava
Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a
enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para
disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de
existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e
a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor
ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar
você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que
não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos
pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas
para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada
temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de
força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta,
anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.
Martha
Medeiros é jornalista e escritora brasileira.
A
crônica transcrita acima faz parte do Livro “Doidas e Santas”.
E é isso. Ser livre é se permitir viver tudo o que a vida tem a te oferecer. Eu não disse que o fato de ter me libertado significou que agora eu sou totalmente feliz e não há espaço para a tristeza, não não - até porque felicidade é um punhado de pequenas felicidades quase imperceptíveis que acontecem diariamente, ou seja, uma busca eterna, porém bem simples. O que quero dizer é que agora eu posso ser livre para sentir o que eu quiser sem me preocupar com o que o resto das pessoas vão pensar disso.
Começou
um tanto tarde, mas o importante é que começou de fato um novo ano para mim. E eu desejo que vocês também se libertem para
perceber que a vida tem andado bem depressa e não tem esperado por ninguém.
O
estalo hoje foi grande hein, mas
valeu a pena!
Ah, vocês repararam que agora tem musiquinha aqui no blog?!
Curtam o som e não esqueçam de deixar um comentário.
Beijos com carinho,
Tatah =*
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