E aí, quantos sorrisos você tem?
Eu, particularmente, tenho muitos; e ao contrário do que a maioria diria, não, não são somente as pessoas que me conhecem que percebem eles.
Outra particularidade, sou extremamente
transparente (ainda não descobri se é defeito ou qualidade), então não fica
difícil perceber quantos sorrisos, quantos olhares cabem em mim.
Mas eu perguntei isso por uma questão
simples, será que as pessoas hoje em dia conseguem de verdade olhar para você e
saber quantos sorrisos você tem? Será que sabem a importância do toque, do
olhar, do sentir, do permanecer?
Bom, o texto abaixo não é meu, mas como
acredito não ser a única perdida nesse mundo louco, alguém já falou por mim o
que eu gostaria de dizer a vocês.
A geração da rapidinha
A geração da rapidinha chegou. Foto bonita
no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai - mãe –
melhor amigo – cachorro - casa de praia - onde passou o último verão -e quem
foi a última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10
frases e passa o WhatsApp. -Oi, oi; por aqui é bem melhor. -E aí, o que vai
fazer no “fds”? - Vou na festa e você? -Também. -Então nos encontramos lá.
Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu
vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. -Oi,
oi; prazer, prazer. Beijos!!!! Beijos… Beijos sem muita conversa. Mas também,
porque beijos precisam ser quase imediatos? Daí rola aqueles olhares sem muita
profundidade. Vontade sem muito entusiasmo. Mas o que podemos esperar de uma
relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda
meio difícil não é mesmo? -Deixa que eu te levo em casa então.
No outro dia de manhã tem WhatsApp. Quem
manda primeiro? Quem está mais interessado? Não, quem é mais maduro. Um oi e um
tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes
para acabar. A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que
não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores,
vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família
meio torta. “Nada”, isso é o que significa as características que usamos para
terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas
de quem nem aprendeu a voar ainda. As pessoas perderam o olhar longo, a jogada
de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades”. Será que
ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além
daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha nesse mundo super
lotado de pessoas sempre online?
Parece que nada mais tem graça, parece que
tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber
o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver… Se perceber e
se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro (a louca dos olhos: eu
mesma! *--* ♥). A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar
rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem
igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. A gente existe por “likes”. Viaja
por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável
perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que
faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de
pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores,
silicones, bocas carnudas e o perfect365 é de graça, eu fico pensando: será que
um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu
tenho?
– Suh Riediger
=* Tatah
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